terça-feira, 27 de setembro de 2011

Atividade Tutorial - Rumo ao Desconhecido.

Apesar dos meus, na época 13 anos de atividade profissional de ensino (trabalhar com educação foi o que eu sempre fiz), ao estar viajando para minha primeira experiência com EaD, recordei-me daquilo frio na barriga gostoso, próprio de quem está se lançando em algo novo.

Nem mesmo a experiência em Ensino Superior, naquela hora, amenizou a ansiedade. O que encontraria? Como seriam os alunos? O que esperar deles e o que eles esperariam de mim. Fui enviado a um pólo na sertão central, para ministrar a disciplina de Introdução ao Ensino a Distância.

Ao longo daquela minha primeira experiência, que também era a primeira experiência daqueles alunos, percebi uma coisa fundamental: a interação entre os atores daquela modalidade de ensino era essencial. Digo atores, pois muito aprendi com meus alunos.

Se academicamente me sobressaía , pela trajetória que a vida me proporcionara, recebi grandes lições de força de vontade, de esperança, de determinação e de superação. Muitos dos alunos, daquela primeira turma, chegaram para o curso semi-presencial sem nem mesmo possuir um e mail. Também percebi, com as experiências posteriores que cada pólo possui suas especificidades, vantagens e desvantagens, que exigiam de mim sempre uma resposta diferente.

Hoje, depois de uma certa caminhada nesta longa jornada da EaD, esforço-me para manter aquele friozinho na barriga. A fundamental chama da esperança, de que as coisas e as situações podem ser melhores, a partir de como eu interaja com elas. Elas já são o que são sem mim. Comigo, o que elas podem se tornar?

Costumo pensar em uma frase adaptada do poeta  Augusto dos Anjos, presente no Poema Versos Íntimos:



"A mão que afaga é a mesma que apedreja, a boca que beija é a mesa que escarra." Muitos daqueles meus alunos, daquela turma em especial, foram extorquidos da possibilidade de seguir estudando por vários motivos.
Sempre penso que minha atividade tutorial tem que ser a mão que afaga e a boca que beija. Experimentalmente já percebi, de forma doída, que nada se pode fazer por alguns poucos que ficam pelo caminho.


Mas naquilo que posso, "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé." (II Timóteo 4,7).


Sempre encontro alguns colegas mais pessimistas, que conseguem ver mais derrotas do que vitórias. Eu, de minha parte, sigo acreditando, celebrando as vitórias e os sucessos, não desperdiçando cada oportunidade de aprender e de compartilhar vidas, como diria o poeta Caetano Veloso na música Alegria, alegria ... "eu vou, por que não....  .

Um abraço.

Christian Moreira





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