quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Carpe Diem

Rio Jaguaribe, Iguatu/CE

Me identifiquei com a agenda da Vanessa. Um dia é um prazo curto prá tantos afazeres. Náo é fácil conciliar as atividades de professora, mãe e também de estudante. Dar aulas na universidade, entrar no espaço virtual de aprendizagem, ler e avaliar textos e trabalhos de alunos; fazer leituras, fichamentos, escrever texto de qualificação de tese. E ainda tem aquelas coisas chatas, que não podem ser adiadas: pagamentos, supermercado, médicos e dentistas, etc. Outra atividade que faz parte de minha agenda cotidiana: navegar pelo cyber espaço com-e-sem-compromissos! entrar nas redes sociais, nos grupos de discussões, ler revistas, jornais... Todas essas atividades tem prazos e urgências! Gastamos o tempo com tudo isso. Dizem que o profissional do futuro faz o seu próprio tempo. Não acredito muito nisso. Dizem também que quem faz tudo planejado, sobra tempo para o ócio. Também não acredito muito nisso! Falam por aí, que o tempo encurtou e as coisas acontecem mais aceleradamente. Acredito parcialmente nisso! Creio mais no inverso, os fatos ocorrem velozmente, e nós, ocupados com tantas coisas que talvez não temos tempo para acompanhá-las, perceber as mudanças...Mas, como diz Caetano Veloso, em Alegria, alegria: "quem lê tanta notícia?" Planejo minhas atividades, tenho uma agenda, mais ou menos como a da Vanessa. E algumas coisas são adiadas, em função de fatos que fogem ao controle. No mais realmente, sinto falta de tempo para não fazer nada. Tempo para ir mais ao cinema, a praia, ao passeio publico, ao centro da cidade... Mas, tento fazer essas atividades profissionais e particulares com leveza e prazer. Não reclamo da minha vida de professora! Nem de meu papel de mãe-dona-de-casa-filha-irmã-amiga-vizinha-etc. Não vivo a vida ideal, aquela sonhada. Mas quem vive? Carpe diem... E sobre sonhos, a poesia sempre fala melhor...
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Um comentário: