Auto-avaliação como desafio cotidiano

Trabalho de Auricio Oliveira e Simone Lima

Ao final de uma disciplina em EaD temos um rico e complexo dossiê de cada aluno. Ele se constitui de um material concreto, documentos reunidos em fóruns, em portfólios, em chats nos encontros presenciais, nas provas, etc.. Nas discussões presenciais ou à distância, os professores/tutores incentivam a diversidade de opiniões e ideias, de experiências e reflexões. Em processos de compartilhamento e colaboração, vivenciamos fluxos de mediações no ambiente virtual de aprendizagem.

Durante uma disciplina, acompanhamos o desenvolvimento do aluno a partir de observações, das participações, interações e análise de cada atividade. Podemos instigá-lo a conhecer mais um determinado tema, ou trazê-lo de volta pro ambiente de estudo, quando desmotivado. Podemos dialogar com o aluno, de modo individual ou coletivamente. Reunimos, assim, elementos para avaliar seu desempenho.

O professor, historicamente, detém o monopólio da avaliação. Cabendo a ele reconhecer as habilidades e competências de alunos através da mensuração de desempenhos (avaliação somativa), nas diversas atividades que cabem numa disciplina. Essa concepção tradicional e seus resultados avaliativos – medidas de desempenho, classificatórias, presentes em provas, testes e exercícios – não apontam para uma reflexão e aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem.

Tornar o aluno um cidadão protagonista do meio em que vive exige, dos educadores, um novo olhar sobre fazer educação. O que é possível se transformamos as práticas de avaliação em dispositivo de relacionar o conhecimento à realidade/ necessidades do aluno. Se queremos contribuir à formação de cidadãos críticos, para o progresso pessoal dos alunos, que eles não saibam somente produzir (savoir faire) mas, produzir e pensar – uma condição da sociedade em que vivemos – necessitamos, pois, realizar mudanças significativas na didática de ensino-aprendizagem – na forma de avaliar, na sua metodologia. Um processo complexo, um desafio a ser vencido dia-a-dia, de modo colaborativo. O ambiente virtual da aprendizagem pode ser o espaço de experimentar essas mudanças. E o seu momento, pode ser o tempo de cada disciplina que assumimos, como tutores/professores.

Importância da auto-avaliação

A auto-avaliação contribui para romper com o modelo tradicional de educação. Ao promover um avaliação sobre todas as atividades envolvendo os alunos, favorece tanto para que os estudantes compreendam seus progressos durante o processo educativo, como também para analisar a eficácia dos recursos pedagógicos empregados, quer seja pela instituição ou pelos professores/tutores.

A auto-avaliação é um convite para que os alunos reflitam sobre suas dificuldades e êxitos. Serve também para pensar se as suas expectativas que traziam no início do curso foram alcançadas. Incluir os alunos no processo avaliativo, favorece a autonomia, a autogestão, a co-responsabilidade pelos resultados alcançados no processo de ensino-aprendizagem. A auto-avaliação do aluno é também referência para a auto-avaliação do professor. O professor pode observar se sua auto-imagem corresponde às percepções que seus educandos tem dele. Um confronto saudável e necessário, momento que os distintos olhares sobre a aprendizagem e seus atores se cruzam.

Em EaD a avaliação prioriza os vários momentos do processo de ensino-aprendizagem, cooperando com o seu aperfeiçoamento. Valoriza o desenvolvimento individual e global do aluno, observando seus progressos alcançados, utiliza diversos recursos didáticos nas atividades propostas, bem como formas validadas de avaliação, etc. Mas, no decorrer de uma disciplina, quais ações podem ser feitas para que os alunos percebam o quanto eles são importantes? Como estabelecer diálogos para que os alunos se percebam como sujeitos da aprendizagem? Como o ensino à distancia pode criar estratégias para que os alunos se avaliem durante as atividades que realizam?

Em situação de fórum: o fórum é um espaço virtual privilegiado. Busca reunir todo o grupo de alunos e promover uma discussão que levante questionamentos e também acrescente novos conhecimentos à reflexão e aprendizagem do tema proposto. O fórum cria e fortalece laços entre as pessoas e grupos. As discussões e interações abertas enriquecem a qualidade da aprendizagem. Os alunos são protagonistas e mediadores, devendo liderar parte das discussões, submetendo suas reflexões de modo objetivo e sistematizado. Por que não avaliar um fórum durante sua realização? Podemos, por exemplo, no último dia de discussão, colocar como atividade aos participantes alguns questionamentos, que remetem a auto-avaliação do aluno: a) o que considerou mais importante no debate? b) o que não compreendeu? c) o que não interessou? Em situação de portfólio: essa atividade é bastante valorizada pelos alunos. Momento de tensões, de preocupações. O portfólio traz a marca de cada do aluno. Ou do grupo. Nele vemos suas reflexões. As pesquisas e fontes de informações, a escrita e criatividade autoral. Desse modo, o portfólio revela também erros e dificuldades, etc. Uma auto-avaliação pode ser implementada nos moldes de um portfólio. Pode ser realizada em pares ou individualmente. Pode ter como tema os conteúdos das atividades de portfólio por eles realizadas, ao longo da disciplina. O importante é que contenha elementos mais importantes dos conteúdos estudados/pesquisados. Os alunos podem também fazer auto-avaliação sobre uma atividade de Chat. Ao seu final, o tutor pode solicitar a cada aluno um resumo sobre a atividade, destacando o tema que considerou mais importante no bate-papo.

Acreditamos, portanto, que a auto-avaliação, quando realizada durante as atividades de uma disciplina, pode fazer o aluno perceber o quanto ele é importante no processo ensino-aprendizagem! A auto-avaliação pode oferecer, assim, informações para que possamos compreender, entre outros aspectos, o ritmo pessoal de aprendizagem, a autonomia do aluno; o domínio do conteúdo; análise dos seus produtos, participação nas atividades, a exploração dos meios e ferramentas do ambiente de aprendizagem; tempo dedicado aos estudos; as dificuldades encontradas; a integração com os colegas; novos interesses despertados. Critérios para a auto-avaliação: a medida que integra as atividades da disciplina, pressupõe a participação de todos os alunos e deve ser pontuada, como as demais atividades.