AGENDA DO PROFESSOR - UM ABSURDO DO MODO COMO ESTÁ; O MODELO ESTÁ EQUIVOCADO

Não me identifiquei, ou melhor, identifiquei-me, sim, com esta agenda. Se considerar identificação algo que não conflite basicamente com valores e que seja de minha aceitação, diria não. Caso considere identificação como realidade, diria sim, mas um sim repudiado e do qual busco me libertar. Não considero que relações bem feitas devam ser estabelecidas como estão sendo feitas na atualidade, como no modelo apresentado. E, pior, consideradas normais.

Precisamos de bom tempo para lidar com nossos filhos, com nossa saúde, com nossas relações sociais e com nosso trabalho.

Como podemos desempenhar um bom trabalho nestas condições?

Alguém pode imaginar que uma pessoa bem sucedida possa viver assim?

É recomendável, justificável, aconselhável, viver assim?

Em benefício de que, em benefício de quem?

Onde está, por exemplo, a religiosidade desta pessoa?

Que tempo dedica a isto? Durante o trânsito? Ao acordar e dormir? Entre uma aula e outra? Certamente. Mas não é forte o suficiente para constar na agenda, não é? Ou não é tema social para ser discutido. Ou talvez, quem sabe, fique para domingo, o dia não-útil.

Devemos repudiar este tipo de agenda e não procurarmos identificar com ela. Qualquer semelhança deve ser percebida como perigosa, no meu entender.


João da Motta Prado Filho

PS: Coitados dos alunos da EAD. Que poderão esperar de um trabalho importante que, na maioria das vezes, é desempenhado de madrugada, quando parte substancial das energias do professor foi dispendida em outras coisas mais, durante o dia, face o calendário do "mundo normal"?  A responsabilidade pela EAD fica para o "mundo anormal". Afinal, liberdade de tempo e espaço depreende ação com qualidade. Até que ponto pode haver qualidade numa atividade exercida após tantas horas de trabalho? 

Cada atividade e envolvimento da nossa colega mereceria um comentário, mas creio que está óbvio para todos a inadequação e os possíveis reflexos em todas as áreas que está envolvida, dispensando-se maiores críticas.