segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O QUE EAD NÃO É

Refletindo, há alguns dias, me deu vontade de escrever sobre o que a EAD não é.

As pessoas dizem e estão preocupadas em expressar sobre o que pensam que determinada coisa é. Ao avesso, podemos também concluir sobre o que é através da negativa do que é. Não é verdade?

Por isto preferi me referir assim. Talvez seja, também, uma maneira das pessoas refletirem mais e buscarem compreender mais, pela antítese ou contrário, o que sejam as coisas.

Estou preocupado que elas saibam o que é e vou tentar pelo que não é, para ver se consigo melhor sucesso.

Pois bem, a modalidade Educação à Distância não é:

  • Um tipo de coisa ou esquema onde se possa conseguir algo, como um diploma superior, de uma especialidade ou coisa semelhante para quem não tem tempo e pense que isso possa ser tratado como curso de fim de semana, onde a pessoa comparece de vez em quando no ambiente virtual, dá um alô, faz uns exercícios (portfólios) e se apresenta de vez em quando numa sala também virtual (fóruns) e, para ganhar presença, a uns certos encontros presenciais, chats e outras atividades didáticas programadas, pelo mesmo motivo;
  • Uma coisa que pode ser feita sem que a pessoa tenha a disponibilidade de um bom, freqüente e rápido acesso à Internet (preferencialmente numa máquina ou tablet). Telefones celulares podem “quebrar o galho” mas ainda podem representar algumas dificuldades em relacionamentos, postagens, etc., em termos de praticidade, volume e rapidez;
  • Um tipo de formação onde não é necessário ler e estudar muito e onde as coisas possam ser resolvidas através de cópias de textos de Internet ou outras coisas do tipo, considerando que os professores estão distantes e “não conhecem muito sobre a gente” ou quem sabe até sobre o assunto, de modo a não identificar o que é meu, o que é do outro; o que é do outro, o que é meu;
  • Um tipo de formação que se espera seja mais fácil e simples que a formação presencial, convencional, onde as pessoas comparecem todos os dias às suas salas de aula, interagem com os professores, entram e deixam o ambiente escolar em hora pré-fixada;
  • Algo que as pessoas julguem que liberdade é descompromisso com rotinas, pontualidades, compromissos e comprometimentos em elevado grau, em dadas instâncias maiores que em circunstâncias do ensino convencional presencial;
  • Uma coisa para a qual não haja tanta importância a pedagogia do encontro ou do relacionamento humano e a tecnologia reine, soberana e principal sobre a maioria dos aspectos;
  • Um tipo de relacionamento à distância que não se possa, ou não se requeira, acompanhar “de perto” o estudante e seu desempenho, perdendo-se ou desvalorizando-se a importância do caminhar juntos resolvendo problemas e se conhecendo;
  • Um tipo de relação ensino-aprendizagem onde inexistam pessoas altamente aprofundadas no tema, competentes e interessadas no aperfeiçoamento dos diversos componentes envolvidos, em benefício dos alunos e da construção do conhecimento;
  • Algo que possa ser negligenciado e secundarizado, quando comparado a outras atividades como “trabalho”, por constituir-se em matéria de importância inferior, comparado com a sobrevivência material, e que por isto possa ou deva ser deixado para depois, depois, depois...;
  • Algo cuja importância pode ser colocada em dúvida ou diminuída pelas dificuldades ocorridas na interação e cumprimento de prazos derivado dos entraves de tecnologia oriundos do agente provedor e intermediador dos serviços de processamento de dados (ambiente virtual de aprendizagem);
  • Do mesmo modo, uma realidade que possa ser abalada pelo reconhecimento de um ou mais profissionais, nos seus diversos níveis, que sintamos não atendam nossas expectativas quando ao conhecimento, envolvimento, dedicação, exemplo;
  • Algo que valorize, primordialmente, a aparência e o conforto das instalações, quando a elas necessita-se ocorrer para encontros presenciais;
  • Algo que você possa procrastinar, ou não dar a devida atenção, em razão das suas múltiplas atividades e compromissos, se você está envolvido nela;
  • Uma coisa que a gente possa sempre estar dando desculpas ou justificativas pelo não cumprimento de prazos, obrigações, bom nível dos trabalhos, autenticidade em sua elaboração, por nos encontrarmos em uma, ou mais, das situações previstas acima.

E se você se enquadra em alguma das situações mencionadas, busque alterar sua atitude com relação a elas e à EAD e o conseqüente comportamento. Você é co-responsável por qualquer processo em que seja parte atuante.

Espero, sinceramente, que isto possa ter contribuindo, de alguma forma, para sua compreensão sobre o que significa o compromisso com o ensino-aprendizagem em uma plataforma de EaD, ou seja, a formação do conhecimento na modalidade à distância.

Acredito que esta reflexão possa ser do interesse dos diversos atores envolvidos neste contexto: alunos, tutores, professores, coordenadores, técnicos de suporte, programadores, gestores dos mais diversos níveis, pesquisadores.

Não temos tempo e capacidade de construir sozinhos. Contribua com outras informações sobre coisas que EaD não é e por favor comuniquem-se comigo, ou com outros que estejam com a mesma missão, para construirmos e ampliarmos este conhecimento, do interesse de muitos. Ele vai ser útil à desconstrução do desconhecimento hoje infelizmente muito prevalecente quanto ao que ela, EaD, realmente é.

Obrigado.

João da Motta Prado Filho

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